Eu precisava atualizar com algum texto, e esse parece bom. Resume, da maneira conturbada que já parece peculiar pros olhos de vocês, o meu problema com o termo gospel e tudo o que ele significa/depreende/simboliza.
Vale um esclarecimento. Não acredito que a solução para o gospel seja uma "volta às raízes" qualquer (coloque aqui a corte stricto sensu, o povo da "Igreja nas casas sem templo" ou qualquer outra mitologia alimentada do tal "Cristianismo apostólico/primitivo") negadora do tempo atual ou abraçar irrestritivamente tudo que é "novo" (pois não é novo, é pastiche). Acredito no caminho do meio, no sujeito, no Espírito que habita individualmente os que crêem.
Talvez seja por isso que a Aline Ramos sumiu? Não se preocupe amiga, até eu me confundo às vezes...
De qualquer forma, esta aí o texto. Meu problema com o gospel.
O movimento gospel se caracteriza, no Brasil, por essa apropriação de músicas, vestimentas e outros aspectos da vida moderna para fins evangelísticos, no final das contas. Basicamente, é isso. O problema é que, como tantas outras coisas, já não é só isso.
O gospel é o pensamento ascético, (in)consciente de sua contradição e ávido por novos pupilos que aceita deixar parte de suas características externas e normas objetivas a fim de trazer o mundo de coisas para si, moldá-lo à sua imagem e semelhança.
Cabe o questionamento: até onde deve ir essa apropriação das coisas “do mundo”, mesmo que os propósitos subjacentes a esta ação sejam “estritamente evangelísticos” ("até onde" como pergunta que é feita em referência à manutenção do sistema de pensamento religioso como tal; segregador e dicotômico. Também pode ser vista da seguinte forma: quais são os limites da apropriação e modelamento que o gospel é capaz de efetuar sem degenerar-se em alguma outra forma de religiosidade, mesmo a não-religiosidade?)?
O gospel apropria-se, molda e transforma, porém mantêm e de fato celebra a dicotomia segregadora do pensamento religioso como tal. O gsopel, que aparece como um “novo modo de ser igreja”, na realiade é apenas outra manifestação do ascetismo pentecostal, do “farisaísmo” — na realidade, é sua consagração a outro nível de força e superioridade simbólica. Aqui, não são somente os líderes eclesiais impondo-se. Também há uma submissão voluntária dos membros, tamanho é o poder simbólico presente na relação mediatizada, pastichizada, entre os membros e seus líderes (“apóstolos”, “pastores”, “bispos”…); o “us and them” incrivelmente retratado com tintas fiéis. Tal poder sempre existiu, melhor dizendo, existiu desde o princípio da religião instituída, contudo é nesta conjuntura em particular — o gospel brasileiro, o neopentecostalismo lato sensu — que ele se mostra mais nítido .
PS: tenho Twitter agora. E blogueio noutro lugar, falando do que me vier na cabeça, só que um foco maior na cultura pop, "nerdismo" e coisas relacionadas.
sábado, 28 de novembro de 2009
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2 comentários:
Que blog mais gospel!
hahaha... eu sumi mesmo, não é?? I'm sorry, não era essa a intenção! É que minha vida "virtual" anda meio comprometida pela vida "real". Aliás, estava falando a mesma coisa de você ("Por que será que o Rob sumiu?")! hhehe... Mas, estou aqui.
Ainda não li o texto, mas vim só dizer que não fui arrebatada ainda!! hehe.. Mais tarde volto e comento os textos!
A Paz! :)
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