quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Sentir pra quê?

E eis-me aqui, tentando não sentir. Por que as pessoas valorizam tanto o sentimento nesses tempos modernos? Eles são fluidos, enganadores, confundem os sentidos e tornam-nos animais. Por que eu deveria confiar em algo tão descontrolado quanto o sentimento - e aqui falo do sentimento em direção a outrem, o tal amor; ele também, contudo não somente o amor. Afinal, o que é o amor? Sentimento estúpido que prega peças e ri de nossas mãos tateando no labirinto do não-saber. Não saber se ela "gosta de mim". Não saber se "ele é o cara certo". Qualquer coisa assim, desse nível generalizante e moderninho que dita suas regras entupindo nossos ouvidos com seus sonhos de papel.

Sentir é ser levado pela correnteza, nu com os braços dormentes. Não há saída. Alguém me diz aí porque eu iria querer uma coisa dessa?

Isso te torna humano. Certo. E isso é uma coisa boa? Pois eu prefiro ter meu cérebro transferido pra uma máquina e ver o fim do mundo com meus olhos cibernéticos e processar as luzes da Nova Jerusalém com meu cérebro positrônico. Ainda me pergunto: por que as pessoas querem tanto sentir? Pois eu não. Não gostaria.

Mas é inevitável.