quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Relacionamentos interpessoais: sonho humano & Divino

É verdade que nunca quis conquistar o mundo. Especialmente quando esses sonhos megalômanos, não tão obviamente formulados, ocultos em frases como "conquistaremos esta terra", tomaram conta dos arraiais, quero dizer, igrejas evangelicas belenenses.

Não sou contra sonhos grandes. O próprio Cristianismo é, de certa forma, um sonho. Pense comigo isso: somos tão além-do-mundo (ou assim deveríamos ser...) que tudo o que cremos, reformulando, pois como é necessário fazer esta constante reforma; o fundamental das nossas crenças está baseado no sonho, no não-racional, na .

O que é o sonho? O que pode ser essa manifestação do inconsciente, espreitando-nos durante todo o dia, alimentando-se dele, aguardando pacientemente até o momento do sono para então dar o ar de sua (des)graça? Uma emanação do inconsciente. Seja! O meu inconsciente, o seu inconsciente são produtores desse sonho, do pesadelo, do devaneio, da "visagem"...

Sonhos são humanos. É esta uma das lições Divinas das revelações por sonhos das Escrituras: é no seu momento de maior fragilidade e humanidade que o Eterno encontra espaço pra ser Eterno.

Porém este "sonho humano" não é o que se vê em muitos "arraiais" (ops, igrejas... 'bendito' evangeliquês!). Sonhamos com ruas, cidades, Estados e o mundo aos pés de Cristo. Claro que devemos pregar. A Grande Comissão existe até para o predestinacionista mais ferrenho. O perigo deste deslumbre gospel é esquecer o próximo, o amigo, o parente que se apresenta para nós todos os dias. Então nos apossamos apressadamente dessa verdade e viramos legalistas do espírito humano, do relacionamento interpessoal.

A verdade é que pra muitos relacionar-se com pessoas fora de sua fé somente interessa enquanto possibilidade de "conversão" destas.

Ignoramos que Deus nos fez seres humanos "dotados de valências", de capacidade de simbolizar, de capacidade semiotica... não importa que área das Humanas faça-se referência. Temos transformado nossos relacionamentos em pura "negociata gospel": só somos "amigos" (quero dizer, companheiros) dos que pretendemos converter. Só se enxerga nos "mundanos" futuros convertidos e só então eles terão valor como seres humanos.

Logicamente, formulada tão cruamente essa afirmação será veementemente negada pelo leitor (evangélico) porém pense se a prática cristã deste ser destacado realmente está longe desse "tipo ideal". Diga-me tu leitor(a)! Quem é o "evangélico" que é verdadeiramente companheiro, alegrando-se na alegria e chorando na tristeza, deste "outros" incrédulos - tadinho, nem sabe que Deus não é evangélico. Peninha - que diz amar como Jesus? Jesus pregou Suas Boas Novas, e devemos fazer o mesmo. Porém não creio que o Mestre do Amor seria tão mercantilista com Sua Mensagem, a ponto de transmiti-la somente para quem quisesse ou como Lhe aprouvesse.

Ver o "outro" como próximo pode até ser jargão humanista.
E "conquistar essa geração" também.

Uma coisa é certa dessa pequena reflexão: A conquista se faz aos poucos, a cada dia. E não no passo largo e robusto das campanhas neopentecostais. É a proximidade vencendo a distância. É Cristo refletindo no indivíduo frente a Deus. Estes sim, os que (buscam) amam o próximo como a si mesmo, são os Elias atuais.

Em Cristo
R.Lima

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