My dear don't leave me now
Close at the edge of my end
All this time you have been my friend
Don't go stay for a while
My dear you're losing me now
This will be my last hour
hear my voice, see my face
See how sick I am
How I long for your embrace
Meu querido(a), não me deixe agora
Perto da ponto do meu fim
Todo esse tempo você foi meu amigo(a)
Não vá, fique um tempinho
Meu querido(a), você está me perdendo agora
Essa será minha última hora
Ouça minha voz, veja minha face
Veja quão doente estou
Quanto anseio pelo seu abraço
(The
Gathering - Sand and Mercury)
Tradução: Robson Lima
O que é amizade?
Os limites entre a coerção e a liberalidade, entre deixar acontecer e prevenir acidentes, entre o amor e a morte; lições corporificadas e lições idealizadas - onde está o marco delimitador, a via de mão única, o trajeto no mapa, a carta astral, a luz do fim do túnel? Onde? No Absoluto? E como algo poderia estar lá, sendo que tudo debaixo desse sol parece tão... relativo?
Relativo a isto, relativo a aquilo: fé, amizade, amor, sofrimento, a subjetividade humana em si, sua totalidade mesma. Guiada pelas leis relativizantes do devir biopsicossocialhistórico (hífens não são necessários) ela existe há tempos, desde antes de sabermos que o Sol não era o centro do Universo, que estamos um pouco acima dos primatas e que nossa religião não é a única no mundo, nem a mais "correta". A Modernidade, vilã do pensamento mágico e religioso, trouxe essas certezas, escassas porém contundentes, com tantas provas cabais que tudo que poderíamos fazer era, como mortais ignorantes, nos curvar perante a Ciência Positiva - esclarecimento que tudo abrange porque nada enxerga (Adorno).
Que isso tem a ver com amizade? Tudo, eu acho. Penso em "amor líquido" (Bauman), em "declínio das grandes narrativas metassociais" (Lyotard), no individualismo exarcebado de Hall e Giddens - nos tempos atuais e na resposta do Cristianismo a tudo isso, seja como sistema integrado de axiomas, dogmas e cosmovisões razoavelmente concordes entre si ou como, e isto é mais importante pra mim, como disposição íntima de um ser humano que professa crença em suas doutrinas e pressupostos.
O amor torna-se ação no mundo e nas pessoas diante do prisma cristão (do Cristianismo de púlpitos ao menos) e por isso não fazer nada a alguém próximo é tão doloroso, especialmente quando este alguém não é cristão. Nossa amizade com ele/ela, ao menos deveria ser assim (é o que dizem), deveria se resumir num relacionamento desinteressado sexualmente, com um vínculo profundo o suficiente para haver confiança entre ele/ela e você, mas não o bastante para desestabilizar suas crenças (superficiais) pois "a luz não se mistura com as trevas" (onde isso tá escrito que eu quero saber). Já falei sobre isso antes mas agora circunstâncias não-virtuais me impelem de volta a este tema.
Uma "amizade" dessa é verdadeira amizade cristã? Não somos nós que deveríamos ser sinceros, puros, bons em tudo e nunca, nunca, NUNCA negar nada disso para "os outros"? Porque é nisto que o "testemunho cristão" foi transformado, numa capa esfarrapada de fios dourados falsificados, coisa digna de pena o que fizeram com esta Verdade!
Recuso a ser desta forma. Continuarei a ser amigo, vou criar um outro caminho nesse deserto, e que Deus me ajude!
Robson Lima
PS: Sim, isso foi um desabafo.
PS²: Minha palavrinha sobre a corte tá chegando! Perdi a postagem então estou reescrevendo tudo.