quinta-feira, 17 de abril de 2008
Entre Pecadores - interstício
Link para uma banda brasileira de Industrial que tomei contato faz tempo. O link é pra entrevista cedida ao Universodorock.com, site conceituado de rock nacional.
O interessante é que a banda foi formada após seus membros fundadores se decepcionarem com a igreja. As letras falam em tom de denúncia contra toda a forma de igreja institucionalizada, apontando sua hipocrisia e incoerências.
A entrevista vale a pena ser lida na íntegra e saio deixando esse pensamento: nós criamos nossos próprios críticos ao nos portarmos de maneira indigna.
domingo, 13 de abril de 2008
Série: Tirando Leite da Pedra [1]
"A bondade num estilo absoluto, em contraposição à "utilidade" ou à "excelência" na antigüidade greco-romana, tornou-se conhecida em nossa civilização somente com o advento do cristianismo. Desde então, sabemos que as boas obras são uma importante variedade entre as ações humanas possíveis. O notório antagonismo entre o cristianismo e a res publica (...) é, de modo geral o correto, visto como conseqüência de antigas expectativas escatológicas (...).
Contudo, o caráter extraterreno do cristianismo tem ainda outra raiz, talvez ainda mais intimamente relacionada com os ensinamentos de Jesus de Nazaré (...). A única atividade que Jesus ensinou, por palavras e atos, foi a atividade da bondade; e a bondade contém, obviamente, certa tendência de evitar ser vista e ouvida. A hostilidade cristã em relação à esfera pública, a tendência que tinham pelo menos os primeiros cristãos de levar uma vida o mais possível afastada da esfera pública, pode também ser entendida como conseqüência evidente da devoção às boas obras, independentemente de qualquer crença ou expectativa. Pois é claro que, no instante em que uma boa obra se torna pública e conhecida, perde o seu caráter específico de bondade, de não ter sido feita por outro motivo além do amor à bondade".
(ARENDT, Hannah. A Condição Humana. 10ª ed. Forense Universitária, 2007 - grifos meus)
É a espetacularização da nossa sociedade que alcançou o domínio da religião (o fez há tempos atrás, na realidade) e que, de certa forma, nos torna incapazes de fazer o bem — no sentido “não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita” da coisa — ou pelo menos de fazê-lo constantemente ou de forma regular e dentro da estrutura eclesiástica que gostamos de chamar “igreja”. Até o “ministério de misericórdia” carrega no seus uniformes (aliás, pra quê uniformes?) o logotipo (e pra quê um logotipo?) da “igreja” que pertence. O “mundo” já está na “igreja” e isso faz MUITO tempo. A grande ironia é que procuramos “o mundo” justamente onde ele não se importa de estar: na doutrina, nos usos e costumes etc — essa frase precisa de outro post, mas não será hoje!