
Lá vamos nós. É época de Natal e nos vemos invadidos por essa profusão de imagens nevadas, renas e duendes, todos mostrados com orgulho por patrocinadores ávidos pela intensificação do tal "espírito natalino" (afinal, doações têm que vir de algum lugar. Alguém compra o que se doa não é?). Daí vem toda aquela denúncia da mídia alternativa, da esquerda e qualquer outro setor dessa sociedade que tenha consciência mínima de sua real situação frente ao capital. Consumismo, eles dizem, tudo é consumismo.
Mas sabem de uma coisa? Há uma outra denúncia, esta até mais destrutiva, que parte de um setor totalmente oposto aos citados acima, se igualando neles talvez só pelo fervor com o qual denuncia o que sente que deve denunciar. São aqueles historiadores de enciclopédia Barsa, os que se comprazem em vasculhar a Internet atrás de mais esta evidência da infestação da Igreja por "costumes mundanos" e da proximidade do "fim dos tempos" - como se o Jornal Nacional não fizesse esse papel de maneira excelente.
O Natal é pagão? Claro! Como a Páscoa, como a divisão do ano em 4 estações, como o calendário que usamos todos os dias, como (originalmente) a noção do Sol como centro do nosso sistema solar, como o próprio Cristianismo institucionalizado é. Tudo é paganismo! Tudo nesse sistema de coisas, como gostam de dizer os Testemunhas de Jeová, "perece no Maligno", esqueceram ó néscios, iletrados da Verdade?
Eu pergunto: e daí ?
Dane-se se o Natal é pagão. As calças jeans que uso foram criadas por um judeu, devo então deixar de usá-las? Só sei que no Julgamento vai me ser cobrado outra coisa, e não quais datas comemorei ou deixei de comemorar.
Palhaçada neopentecostal, retorno do medievalismo/sectarismo disfarçado de purificação da Noiva.
E tenho dito.